Hoje me vi tentando
sair a todo custo de casa, convocando amigos para sair e festar, resolvi mandar
mensagens para amigas e amigos, alguns que já conheço há tanto tempo e outras
que conheci a pouco, mas que pretendo alimentar uma amizade duradoura. Foram
aproximadamente 15 pessoas, que pelo WhatsApp e Facebook, resolvi entrar em
contato. Algumas me respondiam rapidamente que não poderiam ir, outras que não
estavam afim (sinceridade que a amizade de anos permite), outras justificaram
dizendo não poderem ir por conta de seus compromissos com estudos e outras visualizaram,
mas não retornaram. E assim segui por algumas horas em busca de companhia para
uma saída. (imagine que “companhia para uma saída” esteja grifado e escrito ao
lado: grifos meus). E então, depois de algumas horas, vi-me debatendo em busca
de não sustentar a minha própria companhia. Decidido então a transpor-me desta percepção,
resolvi que iria sozinho. Escolhi uma
roupa bonita e me perfumei. Mas imediatamente me vi olhando para o celular e
para o computador em busca de possíveis respostas aos meus convites (imagine
que “possíveis respostas” esteja também grifado, grifos meus). Um dos amigos
convidados respondeu a minha solicitação, mas deixou dúbia a possibilidade de
sair e... como amigo que conhece as diferentes formas de expressão um do outro,
logo percebi que poderia ser um blefe! E não acreditei muito. Me vi sentado no
sofá da sala arrumado e perfumado , solitário. E então pensei que o jeito era
encontrar a saída perfeita em minha própria companhia e quem sabe formular as
respostas que gostaria nesta relação comigo mesmo (nem preciso dizer que esta
frase toda é para estar grifada, grifos mais que meus). E ali permaneci por alguma
horas com o fone de ouvido, curtindo músicas e a coreografia do meu corpo
paralisado por não saber mais como dançar comigo mesmo (e por frio) De vez em
quando me dava vontade de sair daquele tumulto todo que foi crescendo no
avançar das horas e me levantava para ir ao banheiro arrumar o penteado, também
ia até a cozinha beber água, para que não ficasse bêbado de mim. Mas, logo
voltei ao sofá e por ali fiquei mais um tempo até que resolvi voltar a uma
mensagem, uma daquelas enviadas a um dos amigos na tentativa desesperada da
saída: “si usted no tiene ningún papel para escribir allá, será registrada en
el cuerpo... su cuerpo va a ser como el papel y su experiencia será como
pinturas, una obra inacabada que puede volver cuando quiera”. Esta mensagem em
tom de poesia e em outra língua era por que o referido amigo conversava em tom
poético e em espanhol... Enfim, somente neste momento percebi que a minha tentativa
de convencer as outras pessoas a saírem, foi uma forma de evitar este encontro
com as pinturas de minha experiência, com mais obras que se iniciam, no qual os
grifos são meus!
Ematuir Teles de Sousa - 19/06/2016
Ematuir Teles de Sousa - 19/06/2016