sábado, 18 de junho de 2016

Saída!

Hoje me vi tentando sair a todo custo de casa, convocando amigos para sair e festar, resolvi mandar mensagens para amigas e amigos, alguns que já conheço há tanto tempo e outras que conheci a pouco, mas que pretendo alimentar uma amizade duradoura. Foram aproximadamente 15 pessoas, que pelo WhatsApp e Facebook, resolvi entrar em contato. Algumas me respondiam rapidamente que não poderiam ir, outras que não estavam afim (sinceridade que a amizade de anos permite), outras justificaram dizendo não poderem ir por conta de seus compromissos com estudos e outras visualizaram, mas não retornaram. E assim segui por algumas horas em busca de companhia para uma saída. (imagine que “companhia para uma saída” esteja grifado e escrito ao lado: grifos meus). E então, depois de algumas horas, vi-me debatendo em busca de não sustentar a minha própria companhia. Decidido então a transpor-me desta percepção, resolvi que iria sozinho.  Escolhi uma roupa bonita e me perfumei. Mas imediatamente me vi olhando para o celular e para o computador em busca de possíveis respostas aos meus convites (imagine que “possíveis respostas” esteja também grifado, grifos meus). Um dos amigos convidados respondeu a minha solicitação, mas deixou dúbia a possibilidade de sair e... como amigo que conhece as diferentes formas de expressão um do outro, logo percebi que poderia ser um blefe! E não acreditei muito. Me vi sentado no sofá da sala arrumado e perfumado , solitário. E então pensei que o jeito era encontrar a saída perfeita em minha própria companhia e quem sabe formular as respostas que gostaria nesta relação comigo mesmo (nem preciso dizer que esta frase toda é para estar grifada, grifos mais que meus). E ali permaneci por alguma horas com o fone de ouvido, curtindo músicas e a coreografia do meu corpo paralisado por não saber mais como dançar comigo mesmo (e por frio) De vez em quando me dava vontade de sair daquele tumulto todo que foi crescendo no avançar das horas e me levantava para ir ao banheiro arrumar o penteado, também ia até a cozinha beber água, para que não ficasse bêbado de mim. Mas, logo voltei ao sofá e por ali fiquei mais um tempo até que resolvi voltar a uma mensagem, uma daquelas enviadas a um dos amigos na tentativa desesperada da saída: “si usted no tiene ningún papel para escribir allá, será registrada en el cuerpo... su cuerpo va a ser como el papel y su experiencia será como pinturas, una obra inacabada que puede volver cuando quiera”. Esta mensagem em tom de poesia e em outra língua era por que o referido amigo conversava em tom poético e em espanhol... Enfim, somente neste momento percebi que a minha tentativa de convencer as outras pessoas a saírem, foi uma forma de evitar este encontro com as pinturas de minha experiência, com mais obras que se iniciam, no qual os grifos são meus! 

Ematuir Teles de Sousa - 19/06/2016