segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

QUAL A SUA PLANTA?




Poderia uma planta escolher se desgarrar do solo confortável, que lhe fornece os nutrientes necessários, que lhe sana a sede e lhe dá segurança de não ser levada pela tempestade? Se permanecer neste solo garantirá sua vida ligada a terra por muito tempo, mas se desgarrá-lo poderá pagar o preço da liberdade, talvez não sobreviva, mas como sabê-lo? O que garante que esta planta está vivendo? O simples fato de estar com suas folhas verdes?

Esta planta estaria condenada a conviver com a vida premeditada que a “natureza” lhe conferiu, pois, as dúvidas lhe impedem de arriscar, afinal as suas raízes lhe prendem ao solo e lhe falam mais alto. Tamanha a prepotência desta planta desejar isso, pois, a “natureza” já lhe foi generosa lhe proporcionando alcançar o que lhe parecera impossível, por estar numa terra de pequenos e diferenciar-se ao crescer dois centímetros a mais do que seus parentes.

Mas o que são dois centímetros para quem deseja alcançar o céu? Talvez esta planta saiba de alguma forma que o céu é inalcançável, entretanto, é exatamente isso que a move a tentar alcançá-lo. Pois afinal! Não seria a ideia fixa de que o céu é inalcançável que impediram muitos de tentar? Mas, como alcançá-lo com estas raízes que lhe ligam a terra? E sem elas (as raízes) como sobreviver o tempo necessário até chegar ao céu? - E o paradoxo se estabelece.

Contudo, se já lhe parece que o céu é inalcançável, e o movimento da espontaneidade teima em colocá-la para fora do que a natureza lhe confere, então não há o que escolher. A escolha já esta dada!

Mas, isso pode parecer absurdamente improvável, visto que negar que são escolhas as raízes - que mantém a planta no solo - e movimento espontâneo - que a faz desprender-se daquilo que lhe “fora conferido”, simplesmente pelo fato de que este movimento é tão natural quanto suas raízes. Faz com que a planta não tenha liberdade, pois, tanto as raízes quanto o movimento ao céu estão dados, e isso se torna contraditório para esta planta que deseja escolher.

Todavia é fato que esta planta não é como as outras plantas, pois, ela cresceu dois centímetros a mais que seus parentes! Quem sabe seja a consciência destes dois centímetros que lhe confere à liberdade, consequentemente, a escolha. Pois, na realidade, a consciência dos dois centímetros não foi por que cresceu mais que seus parentes, e sim pelo fato de que suas raízes estão espontaneamente deslocando-se em direção ao céu – mesmo que aparentemente não possa alcançá-lo.

Após o movimento espontâneo desta planta, eis que o que a liga a terra é apenas um pequeno fio de raiz, e esta ligação à deixa confusa, pois, por mais diferente que ela possa ser, tem consciência de que ao se desconectar da terra nada mais voltará a ser como antes. Porém, se assim permanecer, jamais saberá qual a decisão que lhe trouxe maior contentamento – é o preço da escolha.


Difícil!!!








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