quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Tô... Tô... Tô...  
No risco do rascunho dos meus rastros tempo... 
No topo do agora de rabisco corpo... 
Riscando linhas de traçados senso.  
Num arriscado ponto de dispersos nós, feito de riscos...

Ematuir Teles de Sousa - 14/10/15 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O SENTIRES

Ouvindo Maria Bethânia na madrugada,
Despertei um outro em mim,
Um alguém que ainda não sei,
Que ainda não conheço a voz,
Nem sei se conhecerei;
Mas, cochichou algumas palavras,
Palavras feitas de pele,
De contato com tato,
Que agora brotam de um mim,
Feito de pedaços de outros;
Incrustrados nos órgãos,
Revestidos de olhar,
Olhar feito de brilhos,
Resolve brincar de pinçar memórias.
Algumas inventadas,
Que estranhamente não são minhas;
Brinca de segurar meu peito em mãos de cristais,
Deita sob os vazios dos porvires,
Fica de pé, pula e rodopia,
Deixa pegadas de aqui e agora,
Torce e retorce para que não sejam engolidas pela cegueira do amanhã.
Este outro não tem dentro nem fora,
Passeia pelo fluxo de minhas veias,
Assopra todo o corpo, arrepiando os pelos,
E enquanto entra por minhas narinas em forma de ar,
Sai rapidamente pelos poros;
Sinto agora me pegando em seus braços,
Me deixando em suspenso,
E me colocando em frente a um grande espelho de mim;
É noite, mas vejo os traços,
Na dúvida se sou eu mesmo,
Fecho os olhos,
Que parecem permanecerem abertos;
Então encaro os contornos negros,
Enquanto a voz cochicha palavras que não ouço em uma língua que reconheço,
Re conheço, Re conheço;
Agora mais adiante de mim mesmo,
Nem consigo mais me sentir corpo,
Entro num puro estado de me sentir sentir;
Enquanto o outro em mim se despede,
Com voz melodiosa anunciando que me usou e abusou,
Canta a canção na voz de Bethânia, que enfim me faz despertar em sono,
“Para viver em estado de poesia
Me entranharia nestes sertões de você”....

Ematuir Teles de Sousa

18/09/15

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

QUAL A SUA PLANTA?




Poderia uma planta escolher se desgarrar do solo confortável, que lhe fornece os nutrientes necessários, que lhe sana a sede e lhe dá segurança de não ser levada pela tempestade? Se permanecer neste solo garantirá sua vida ligada a terra por muito tempo, mas se desgarrá-lo poderá pagar o preço da liberdade, talvez não sobreviva, mas como sabê-lo? O que garante que esta planta está vivendo? O simples fato de estar com suas folhas verdes?

Esta planta estaria condenada a conviver com a vida premeditada que a “natureza” lhe conferiu, pois, as dúvidas lhe impedem de arriscar, afinal as suas raízes lhe prendem ao solo e lhe falam mais alto. Tamanha a prepotência desta planta desejar isso, pois, a “natureza” já lhe foi generosa lhe proporcionando alcançar o que lhe parecera impossível, por estar numa terra de pequenos e diferenciar-se ao crescer dois centímetros a mais do que seus parentes.

Mas o que são dois centímetros para quem deseja alcançar o céu? Talvez esta planta saiba de alguma forma que o céu é inalcançável, entretanto, é exatamente isso que a move a tentar alcançá-lo. Pois afinal! Não seria a ideia fixa de que o céu é inalcançável que impediram muitos de tentar? Mas, como alcançá-lo com estas raízes que lhe ligam a terra? E sem elas (as raízes) como sobreviver o tempo necessário até chegar ao céu? - E o paradoxo se estabelece.

Contudo, se já lhe parece que o céu é inalcançável, e o movimento da espontaneidade teima em colocá-la para fora do que a natureza lhe confere, então não há o que escolher. A escolha já esta dada!

Mas, isso pode parecer absurdamente improvável, visto que negar que são escolhas as raízes - que mantém a planta no solo - e movimento espontâneo - que a faz desprender-se daquilo que lhe “fora conferido”, simplesmente pelo fato de que este movimento é tão natural quanto suas raízes. Faz com que a planta não tenha liberdade, pois, tanto as raízes quanto o movimento ao céu estão dados, e isso se torna contraditório para esta planta que deseja escolher.

Todavia é fato que esta planta não é como as outras plantas, pois, ela cresceu dois centímetros a mais que seus parentes! Quem sabe seja a consciência destes dois centímetros que lhe confere à liberdade, consequentemente, a escolha. Pois, na realidade, a consciência dos dois centímetros não foi por que cresceu mais que seus parentes, e sim pelo fato de que suas raízes estão espontaneamente deslocando-se em direção ao céu – mesmo que aparentemente não possa alcançá-lo.

Após o movimento espontâneo desta planta, eis que o que a liga a terra é apenas um pequeno fio de raiz, e esta ligação à deixa confusa, pois, por mais diferente que ela possa ser, tem consciência de que ao se desconectar da terra nada mais voltará a ser como antes. Porém, se assim permanecer, jamais saberá qual a decisão que lhe trouxe maior contentamento – é o preço da escolha.


Difícil!!!








quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

VAZIO INTERNO



O que é isso que corrói o corpo,
Que dilacera a alma,
E dos olhos fazem lágrimas cair?

Que vazio é este que me deixa morto,
Que me cerra a palma,
E não me permite aplaudir?

O que é isso que me cega a vista,
Que me consome o presente,
E me prende ao passado?

Que é essa sensação mal quista,
Que perturba a mente,
E me deixa assustado?

O que é isso que aperta o peito,
Que destrói os planos,
E que não me deixa seguir?

Que é esse sentimento sem jeito,
Que me fixa aos enganos,
E me faz regredir?

O que é isso que me dissolve,
Que me deixa aos prantos,
E sufoca a vida?

Que brio é esse que me envolve,
Que me calam os cantos,
E bloqueiam a saída?

O que é isso que não tem razão,
Que me deixa louco,
E distorce a realidade?

É PIOR QUE A SOLIDÃO,
QUE DE MIM FAZ POUCO...
DE VOCÊ SAUDADE!



Ematuir Teles de Sousa
03/01/2011

domingo, 4 de janeiro de 2015

PRESENTE?

         

Eu tento fazer esvair...
Eu tento fazer se ir...
Mas é tão presente!

Embrulhado num papel bonito,
Está o presente,
Mas o que nele está contido?

O eu, o tu e o nós...
Cheio de Nós!

Irei andar... Percorrer...
Irei correr...  Apressar...

Mas o papel é tão chamativo,
Por mim permitido,
Por que de papéis vive o homem!
E no presente está o ontem.

Então ao ir... Voltarei!
E ao voltar... Estarei,
De frente ao presente!
Rasgando-o, fazendo furo,
Desembrulhando o futuro.

Até encontrar um tu carregado de eu...
E um eu carregaaaado de tu!

Reeditando o que foi ditado...
E percebendo-me em um novo sentido,

Repetiiiiiiiido!



Ematuir Teles de Sousa
18/10/2012


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

HARMONIA VITAL


 Escute a música do coração tocar...
Permita-se embalar pela melodia dos sonhos,
Resgate as sensações agradáveis,
Encante-se pela vida!

Viva a harmonia do tempo...
Reflita sobre as conquistas dos erros,
Aprenda a controlar os atos tempestuosos,
Deixe-se conduzir pela sabedoria do universo!

Observe o colorido de um jardim...
O vento que toca as folhas majestosamente,
Admire o crepúsculo e o luar,
Viva em paz!

Busque o conhecimento nos simples gestos...
Conduza teus passos pelo caminho da honestidade,
Compartilhe tua sabedoria nos momentos adequados,
Tente superar-se!

Eleve os teus sentidos...
Torne teus ouvidos receptáculo de aprendizado,
Dissemine palavras em favor da vida,
Faça de tuas atitudes o respeito das diferenças!


Ematuir Teles de Sousa


25/03/2012