quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Dedilhar



Uma música soa...
Lembranças de atos,
Um incômodo na garganta,
Como uma trava que prende um grito forte!
Embora o grito não saia em forma de som,
Ele está ali,
Como não é permitido sair deste jeito – tão natural (o grito)
Parece que ressoa dentro... Como é forte!
É possível senti-lo estremecer a carne,
As vísceras estão tomadas por estranhos calafrios...
Parece um vai e vem incessante que,
Ora pressiona o peito, ora a região dos olhos,
Os olhos estão quase prontos para receber o líquido...
Mas, devido à estranheza da sensação, algo o impede!
O coração salta num ritmo que toma o corpo todo,
É possível senti-lo na ponta dos dedos,
E é com estes dedos que tomo papel e caneta,
Ponho-me a escrever...
Consciente de que essa prática me é conhecida,
Tão conhecida pela necessidade de integrar afetos ainda sem nomes.
E por falar nisso,
A necessidade é de integrar e não de dar nomes,
Se nome tivesse,
Meus dedos não estariam sendo guiados,
E talvez esta seja uma bela prática que a vida me oferece...
A música ainda continua em meus ouvidos...
Mas agora o líquido está derretendo-se,
E escorre sem razão...
Escorre...
Corre...
Pinga como se nunca tivesse,
Um suspiro forte,
Termino mais um momento comigo,
Os dedos param!


Ematuir Teles de Sousa

12/11/2014

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