Em uma direção qualquer,
andava numa pressa tal que quase era difícil acompanhar em pensamento os meus
próprios passos, um estado de corpo corrente que além de produzir grosseiros
esbarrões nas pessoas que cruzavam o caminho me traziam a sensação de atraso.
Na medida em que seguia caminhante, aumentava a velocidade e sentia os pingos
de suor se formarem no canto direito da testa. Escorriam por entre o rosto,
passavam pelo pescoço até acomodar-se na região do peito - que a esta altura
sentia a pressão do coração pulsante.
A sensação de estar
atrasado me produzia um estado de ansiedade que me fazia aumentar mais os
passos. Em poucos minutos me percebi correndo contra o tempo. Corria
pelas vielas da cidade, subindo e descendo escadarias, cortando caminho por galerias...
Com o crânio pesado em direção ao chão, sentindo o calombo das costas,
num quase semicírculo de corpulentas “paletas”. Caí.
Foi um tropeço que assustou
a agigantada correria. Ali permaneci por alguns segundos sentindo o corpo
cansado e quente, sentei. A respiração ofegante fazia eu notar a euforia, mas
os passos continuaram longos nos pensamentos até que a sensação de atraso fosse
lentamente transformando-se em culpa. Embora não houvesse absolutamente nenhum
compromisso que justificasse o sentimento, estar ali parado no chão, me conduziu
para o que não queria sentir. Mas foi inevitável, insuportavelmente inevitável!
E então passei da euforia para uma letargia nostálgica e profunda.
Após alguns minutos,
solapado de minha correria sem destino final, impedido de chegar a tempo em
lugar algum, um nó em forma de punho fechado se formou na garganta e começou a
soquear o estômago. Tão logo percebi que o tropeço era o meu ponto final,
trombei com a angústia e a culpa se foi!
Ematuir Teles de Sousa
10/05/2016
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